E o mundo inventou de não acabar. A previsão catatônica não serviu para nada mais além de pautar programas de humor e provocar mais uma onda no mar virtual de obviedades que são as redes sociais. O ano termina bem longe do mundo acabar. Tão dinâmico, como estático. Tão tórrido, como gélido. Tão incoerente como delicioso. Mais imprevisível do que nunca, esse mundo cheio de antagonismos está atento a mais um ano que se vai. As pessoas se dividem entre metas, mergulhos, promessas, brindes, desejos e a euforia típica dessa época. Tempo de contemplar horizontes, de comprar agendas, calcinhas coloridas e parcelar pequenos sonhos. Admirar o movimento dos pés na areia, das curvas no espelho ou das luzes do céu. Minha mira íntima se ajusta cada vez menos para o primeiro vestido do ano e mais para reeducar as linhas da minha coluna, a vertebral mesmo. Nossa boa saúde dialoga com a forma como nos posicionamos diante de cada dia e de cada noite por aqui: ereta e de peito aberto ou curvada e olhando para baixo... A esgueirar-se entre concretos e lajotas das cidades ou desviando perplexamente de uma obstinada formiguinha que carrega um folhão dez vezes o seu tamanho. Depois de três intensas décadas de má postura, o tempo e as insistentes dores lombares me ensinaram a gostar cada vez mais dos meus 1m76cm. A entender a diferença que deve fazer passar a vida olhando para baixo ou de nariz em riste. Nosso corpo reflete nossas expectativas diárias em relação a nós e não me refiro à magreza e à obssessão pela boa forma. O mais interessante de tentar e habituar-se a sustentar-se em si é que é o pensamento positivo a guia dessa firmeza abdominal /emocional que nos mantém em pé. Além de nortear toda a coluna, evita a intensidade das dores futuras, deixa mais espaço para o coração bater sem angústia e ajuda em quase todos os movimentos. É um pensamento altivo. Em frente e feliz. Ainda assim, tudo pode dar errado. Os caminhos podem nos levar a situações chatas e ruins, cheias de pessoas ainda piores. Mas com o olhar em frente é mais fácil de enxergar um rumo novo logo adiante. Então que em 2013, você se encontre com a danada da formiguinha que existe aí dentro. Seja capaz de encarar folhas e mais folhas enormes de obstáculos que podem parecer impossíveis e pesados demais. Mas são eles que vão alimentar e esquentar suas almas na próxima estação. Sintam-se fortes e firmes por dentro. Há muito já diz o ditado: mente quieta, espinha ereta e coração tranqüilo. Feliz Ano Novo e boa postura. Sempre. Em todos os anos que vierem e em todos os sentidos.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Literatura e psicanálise
Começa hoje um curso que pretende explicar algumas mudanças do mundo a partir das leituras de Negro Bonifácio, No Manantial, A Salamanca do Jarau, de Simões Lopes Neto e O Mal-Estar na Cultura, de Freud. O diálogo entre psicanálise e literatura será coordenado por Lucia Serrano Pereira e Luís Augusto Fischer. O primeiro encontro é hoje das 19h30min às 21h, na Casa de Idéias, que fica na Alameda dos Escritores, prédio 2, do Shopping Total. O tema são as contradições, o conflito, a fantasia de entrega e horror presente na narrativa de Negro Bonifácio. O 2º encontro está marcado para o próximo dia 6 e a obra contemplada é No Manantial. A Salamanca do Jarau encerra o ciclo de palestras no dia 13 de novembro. Como situar um diálogo entre Simões Lopes Neto e Freud? De um lado, os contos e lendas do escritor descrevem um mundo em declínio - o rural, o pampa, as histórias do gaúcho e de suas formas de levar vida e ética. E também o mundo em mudança, o urbano, o moderno, as coordenadas que se deslocam e que produzem transformações profundas nos modos da experiência. Em outro contexto, na mesma entrada do século, está o trabalho freudiano com as produções psíquicas, o inconsciente e os enigmas. Ambos os campos, o da psicanálise e da literatura, cada qual a seu modo, nos levam a pontos sem respostas absolutas e que, portanto, interrogam, insistem, retornam, tanto na vida como nas ficções. O Mal-Estar na Cultura é um dos textos mais importantes da obra de Freud, e mesmo das produções do século XX. Fala de um homem em desamparo no mundo, que lida com as catástrofes da natureza, com o problema da finitude, mas em especial com o impacto e o mistério da relações com os outros. Mais informações no (51) 3018- 7740 ou pelo email contato@casadeideias.com.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Dancem kids!!!!!
Para finalizar o Mês da Criança com muito astral, cor, guloseimas, música e o ineditismo ousado que lhe é peculiar, Mauren Motta inventou em Porto Alegre a Dance Kids. Sintam a fofura!!! À exemplo das festinhas que já rolam nos Estados Unidos e também em alguns lugares da capital paulista, Porto Alegre terá um evento diferente amanhã, dia 27. Uma festa muito mimosa e divertida papis e kids se divertirem muitoooo. Até os bebês podem participar. A matinê terá dança capitaneada pela turma da Lenita Ruschel Pereira, brincadeiras e informação audiovisual para atrair os olhares e atiçar a curiosidade da gurizada. Os DJs Adriana Banana e Fredi Chernobyl vão apresentar sets especialmente criados para a minibalada Dance Kids. A Lezanfan vai estar por lá também com suas fofurices e oficinas para os pequenos. Comidinhas e bebidas especiais para a galerinha também não vão faltar no Love Loft da MM Conteúdo. Olha a paixão dos 10 mandamentos fofuras que a Mau incorporou para dar as regras da tarde. O horário é das 15h às 19h. Adultos pagam R$ 30 e crianças R$ 15. A Love Loft da MM Conteúdo fica num espaço leeeeeendo da Florêncio Ygartua, 188 e o telefone é (51) 3028-8266.
10 MANDAMENTOS DA DANCE KIDS
1 – Dance e curta a festa ao lado do deu filho, aproveite o momento e fique ainda mais próximo dele
2 – Evite corre-corre, que pode causar acidentes, o espaço é para dançar
3 – Adultos não entram desacompanhados de crianças
4 ¬ – A idade das crianças é de 0 a 10 anos
5 – Os pais são responsáveis por decidirem se trazem, ou não, um bebê à festa
6 – Crianças mais velhas podem vir, mas devem respeitar o espaço dos pequenos
7 – Respeite os DJs, eles se dedicaram e selecionaram com antecedência as músicas para a festa
8 – Procure a equipe do Love Loft para usar o microondas para aquecer papinhas e mamadeira
9 – Não peça para aumentar o volume do som, pois já estará regulado para respeitar os limites de decibéis recomendados pela Organização Mundial de Saúde
10 – Dance muito, mas cuide para não pisar no pezinho de ninguém!
Curtiu? Para saber mais sobre o evento entre em contato com a gente!
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Tatata não estava mais
Eu era menina e os olhinhos curiosos já brilhavam
extasiados quando ele se aproximava saculejando com elegância o tanto de
pulseiras, colares e as cores que só
existiam nas roupas daquele amigo da minha mãe. A figura única de Tatata
Pimentel era apenas um convite à viagem sem fim pelas qualidades que ele reunia como ninguém. Assim naturalmente. Falava latim e francês, citava Dostoievski ou Proust com a mesma desenvoltura com que caminhava altivo pelo Parque da Redenção. Ouvia ópera como se fosse samba. Dividia sabedoria como se
fosse pão. Nós, jovens famintos de mundo. Com a
cabeça armazenando perguntas, o corpo administrando hormônios, o coração colecionando
sonhos e uma invasão de
liberdade que só os 18 anos emprestam a emocionantes momentos da vida. Bem assim eu e dezenas de parceiros de profissão, dávamos de cara com o professor de Português I que era amigo da minha mãe. Era a primeira semana do resto de nossas vidas na Famecos. Com o cigarro mentolado dançando entre os lábios e dedos, Tatata
embaralhou nossos neurônios e esquentou nossas almas ávidas de informação em duas horas. Hipnotizantemente, o mago da comunicação convidava seus alunos a passear por
inigualáveis caminhos que iam desde as coleções de arte renascentista, passavam
pelo Iluminismo, a intimidade sem escrúpulos das monarquias europeias do século XVIII, as
peculiaridades musculares de Apolo e a mitologia grega, a vida sexual de Marquês de Sade, a coleção
de joias de Jacqueline Kennedy e as melhores regras de vírgulas... e não terminavam nunca. As histórias de Tatata não
terminavam jamais porque era infinito seu conhecimento e sua generosidade em
passá-lo adiante. Sempre abusando do seu sutil e inegável talento de quem domina
a história e a arte de compartilhá-la com maestria com quem
estivesse por perto: o aluno, o Rei da Inglaterra ou o
colega de trabalho. Dali por
diante foi sempre assim. Segui de olhos curiosos e extasiados todos os passos do meu querido professor e colega de trabalho. Sentindo
muito amor e admiração por tudo o
que representa em nossas vidas.
Quase maior do que seu sorriso cheio e sua capacidade de ser sincero e feliz. Não sei
qual foi a causa da sua morte. Mas imaginar que a tristeza e o vazio podem ser os motivos que o tenham tirado do nosso convívio, aumenta ainda mais a dor pela sua ausência. Talvez porque eu saiba na carne, exatamente como ele sentiu, o poder que uma certa saudade tem de nos corroer e nos matar por dentro. Tão ousado,
como digno. Tão corajoso, como respeitoso. Tão irreverente, como generoso. Tão
adorável, como ácido. Tão sociável, como reservado. Tão único
como só ele e a Tânia Carvalho sabem ser por aqui nessas bandas. Quando cruzei por ele correndo
na Redenção não passou pela minha cabeça que pudesse ser a última vez. Porque ele pertence
àquele grupo seleto de pessoas que nos parece imortal. Enquanto eu corria, ele acompanhava melancolicamente seu cigarro mentolado numa mesa de bar. Me abanou sem a
sombra daquele sorriso bonito no rosto. Muito
menos sem o habitual “ma-ra-vi-lho-sa, beijo
pra mãe, pro pai e pra vó.” Desejei durante toda a outra volta no parque que ele ainda estivesse ali. Queria ter sentado ao seu lado, ter pedido uma cerveja gelada, como fazíamos nas
intermináveis sextas-feiras do Birra & Pasta, e ter perguntado como andava a vida.
Mas ele não
estava mais.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Diálogos do desenho
Foi aberta no último sábado uma exposição onde o protagonista é o desenho: suas linhas, traços, riscos e o rico diálogo que oferece aos artistas. Com a curadoria de Gelson Radaelli, participam da coletiva 21 artistas. São eles, Cláudia Barbisan, Daniel Acosta, Eduardo Kickhofel, Eduardo Vieira da Cunha, Elaine Tedesco, Eloísa Tregnago, Felipe Caldas, James Zortéa, Juliana Scheid, Lidia Brancher, Nick Rands, Patrícia Furlong, Paulina Eizirik, Paulo Biurrum, Pedro Girardello, Pena Cabreira, Pilar Prado, Rafael Sica, Renato Garcia, Richard John e Vitório Gheno. As obras podem ser visitadas na Sala do Museu do Trabalho até o dia 18 de novembro de 2012.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Dores D'Alma
Dia desses fiquei pensando o que quis dizer uma amiga, quando numa troca de emails sugeri um encontro sem data marcada para colocar o papo em dia e matar a saudade. Ela me respondeu que estava sem alma para ver ninguém, no caso eu. Beleza, pensei. A minha alma também não anda lá das mais sociáveis, mas me instigou o que diabos faz uma pessoa no auge da existência ser/estar sem alma. Algo teoricamente precioso e intocável. Tão única e protegida de quaisquer crueldade do tempo ou fatalidade humana. Se tudo é possível nos ser tirado, como deixamos escapar de nós a própria alma? Quem nem à morte é capaz de sucumbir. Toda a hora. Muitas vezes durante o mesmo dia, semana ou sob a tortura silenciosa de meses ou anos à fio. Esse incômodo d’alma é tanto perigoso quanto melancólico porque está permanentemente em nós. Em irritantes menores e descontroladas maiores escalas do nosso latente desespero. Perigoso porque acelera reações inesperadas e descompensadas. Melancólico porque amortiza atitudes esperadas demais e a vida vai passando toda bonita e colorida pela janela ou pela tela do computador. Daí a nossa alma penada interna de cada dia nos dai hoje vaga sem rumo, sempre pronta para cruzar com o primeiro problema que dobrar a esquina e passar horas e horas perdendo tempo e energia com ele. A mesma alma também é beliscada com a inquietude do ciúme e da inveja. Ambos doentios e sorrateiros. Uma saudade eterna ou momentânea também tem a força avassaladora de deixar a alma da gente pequeninha. Como se o sangue passasse a circular diferente em nossas veias, provocando as mais desprezíveis ações e sensações que todos vocês já sentiram um dia ou estão habituados a sentir sempre. Não nos causa orgulho, não achamos bonito, costumamos inclusive não comentar muito, mas todos sentimos sim. Carminhas, talibãs e seres de alma miúda não são exclusividade da Rede Globo e nem vivem somente no outro lado do oceano. Há muito o que não esperar ainda da falta de alma humana. Mas o que mais aflige são nossos cotidianos desajustes tão íntimos d’alma e o quanto eles perduram misteriosos dentro de nós. Tímidos, imperceptíveis, e aparentemente inofensivos. Sob controle por ali persistem loucamente sem explosão. Sem coragem de vir à tona e fuçar naquilo que só em pensamento já causa dor. Na esperança de driblar toda essa alma armada e confusa que nos habita e os recorrentes lapsos de lucidez emocional... falamos demais, choramos de menos... Na busca difusa e sem endereço certo da escorregadia felicidade. Sorrimos, brindamos, dançamos, fumamos, compramos, comemos, corremos e compulsionamos de um lado para outro, sem saber bem o porquê. Então finalmente nos abraçamos. Porque as almas são quase todas iguais, amiga, e essa é a graça de estar por aqui enchendo as ruas de pernas.
Mulheres do Centro Histórico
Ao lado de seus colegas retratistas, é a fotógrafa e primeira-dama do Estado, a querida Sandra Genro, quem recebe hoje os convidados para a abertura da exposição Mulheres do Centro Histórico, a partir das 19h no Palácio Piratini. Iniciativa do Gabinete da Primeira-Dama, a mostra fotográfica que tem nomes de feras da arte de clicar como Adriana Franciosi, Adolfo Gerchmann, Beliza Boniatti, Dulce Helfer, Eduardo Seidel, Eurico Salis, Feranada Chemale, Fredy Vieira, Gilberto Perin Karla Nyland, Liane Neves, Lisette Guerra, Marcelo Nunes, Ricardo Chaves, Rogério Amaral e Sandra Genro. Os belos retratos podem ser conferidos até o dia 9 de novembro.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Musa da Belle Époque
Para o escritor Paul Morand, Misia era uma “colecionadora de gênios, todos apaixonados por ela”. Musa de Toulouse-Lautrec e Renoir, amiga de Diaghilev, Stravinsky e Chanel, a pianista polonesa Misia Sert foi uma das mais influentes mulheres de sua época, considerada a “rainha de Paris”-como sugere a exposição que lhe é dedicada pelo Musée D´Orsay. Amanhã das 12h20min às 13h40min no Almoço Clio, Renata Fratton fala sobre a trajetória da pianista a partir de retratos que ilustram a vida livre e sem regras, intensa e sensual que inspirou a boêmia da Belle Époque aos Anos Loucos. Os chefs Leonardo Magni e Liliana Amdriola assinam o menu.
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