quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Canta Pedro, Pedro Canta


É hoje no Ocidente o show de Pedro Verissimo. A apresentação do cantor e compositor é uma prévia do lançamento do álbum virtual Eu Sempre Digo Adeus, que deve sair em outubro e encerrar o projeto Esboços, patrocinado pelo Programa Petrobras Cultural e concebido para a categoria Música Digital. O projeto consistiu na criação, produção e lançamento de 10 canções inéditas de Pedro Verissimo, lançadas no site www.pedroverissimo.com.br para download gratuito, uma música por mês. Bacana também foi a interatividade dos internautas opinando sobre as músicas. As respostas resultaram em ajustes nas mixagens e na estrutura das músicas. Eu Sempre Digo Adeus é um feliz resultado dessa parceria entre criadores e público. Além do novo trabalho, serão apresentadas músicas de outros autores da primeira banda do músico, a Tom Bloch. A formação atual da trupe comandada por Pedro tem nas guitarra e pedais, Fernando Aranha, Marcello Cals, na bateria e Claudio Alves, no baixo acústico. Ainda sobem ao palco Adriana Deffenti e Andrea Cavalheiro nos vocais. A produção do novo álbum é de JR Tostoi e estarão à venda cartazes com as ilustrações exclusivas feitas pelo artista plástico Guilherme Dable para as canções de Esboços. Os ingressos custam R$ 10, se encaminhado e-mail para okalovisi@gmail.com até às 17h de hoje.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Retratando medo


Se inicia na próxima semana o workshop Fotografar o Medo ministrado pela fotógrafa italiana Serena Salvadori. Radicada em Porto Alegre desde agosto, é a artista residente na Galeria Mascate, onde segue até fevereiro do próximo ano. O curso tem duração de 12 horas e os encontros acontecem sempre às terças-feiras, das 19h às 22h, até o dia 16 de outubro. As aulas são na Galeria Mascate, na Rua Laurindo, 332. Informações sobre inscrições e valores pelo (51) 30281919 ou pelo email mascate@barracoestudio.com.br. Formada na Universidade de Urbino, na Itália, Serena nasceu em Roma em 1980 e completou seus estudos na Espanha, com um Master em Fotografia, na EFTI, em Madri.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Amigas da Pedra

O Projeto Quadro Branco apresenta o livro de gravuras das artistas Anico Herskovitz, Cylene Dallegrave, Fernanda Soares, Jane Machado, Miriam Tolpolar e Thais Helt. Nasceu o grupo de trabalho Amigas da Pedra a partir do encontro de artistas com diferentes produções e pensamentos e organizou-se o projeto deste livro com seis litografias originais. A obra exposta traz exemplares dos trabalhos que compõem o livro. Uma parceria do StudioClio com o Museu do Trabalho e a Cerveja Coruja, o Quadro Branco convida a cada dois meses artistas do cenário cultural da capital gaúcha para expor no Café do Studio Clio. A abertura será realizada hoje, dia 24 de setembro e os trabalhos poderão ser visitados até 12 de novembro.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Moda gaúcha

A talentosa estilista gaúcha Carla Carlin vai mostrar suas estilosas criações a partir da próxima segunda-feira até o dia 5 de outubro no showroom da B2 Negócios em Moda, sob o comando de Fabíola Carlin. Vale passar na Temporary Store das irmãs Carlin. Quem conhece a trajetória da moda gaúcha já ouve falar da estilista caxiense desde 1989 quando ela criou a Ginga do Corpo. Nesse meio tempo, formou-se em Moda e Estilo na Universidade de Caxias do Sul, em 1996, participou do curso de Criação e Estilo, realizado em São Paulo e chancelado pelo Studio Berçot Marie Rucki. Estudou por mais três anos Artes na Universidade de Caxias do Sul e em 1992 formou-se na L’Accademia Italiana de Moda e Design di Firenze. Em 2003, Carla lançou sua marca homônima onde é possível perceber o amadurecimento desta charmosa trajetória. Espia no site www.carlacarlin.com.br.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Novos enquadramentos


Será inaugurada amanhã, dia 19, a nova exposição da Galeria Mascate com trabalho de alunos da Escola Municipal São Pedro e a individual de Angela Alegria. Os curadores Régis Duarte e Tiago Coelho conheceram o trabalho de Antônio Maciel com seus alunos e decidiram transformar em arte de gente grande a inclusão artística com estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental da Lomba do Pinheiro. Para a exposição, foram enviados envelopes por correio aos alunos com papel branco, que após serem trabalhados em diversas técnicas, retornaram à Galeria. Cinquenta obras serão expostas. No segundo andar, Angela Alegria apresenta Corte. A obra explora emoções turvas a partir de uma “poética do banal”. Angela sugere um olhar abstrato e novos enquadramentos para o mundo com foco no cotidiano e de si mesma. O olhar inesperado da artista atua nas áreas da fotografia, cinema, desenho e pintura. Angela vive em Lisboa para onde retorna logo após a abertura da mostra. A exposição segue em cartaz até o dia 17 de novembro na Galeria Mascate, que fica na Rua Laurindo, 332, no bairro Santana.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Arte fabril


Rubem Grilo xilogravuras: Ferramentas, Objetos Imaturos, Aparelhos de Precisão e Outras Inutilidades é o nome da exposição que pode ser visitada até o dia 7 de outubro no Museu do Trabalho. Predominam na mostra os objetos, ferramentas e aparelhos de precisão do universo de coisas práticas e manipuláveis. Peças, mesmo inutilizadas ou alteradas em sua função, ainda evocam a memória do universo do trabalho fabril. Nada mais adequado do que o local escolhido para a exposição, já que o Museu guarda em seu ambiente o registro do trabalho humano e máquinas, que mesmo desativadas, seguem numa evocação lúdica. A xilogravura, nesse caso, como meio de produção de imagem e de impressão gráfica, dialoga com a prática manual e com o fazer pré-industrial.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Retratos

Francisco Marshall vai apresentar os fundamentos da fotografia e esclarecer suas aplicações em quatro técnicas de fotografia de viagem em uma minioficina. Paisagem, retrato, retrato com paisagem e museu. O curso é teórico e prático, também vai analisar as relações entre história da pintura e fotografia. O encontro se realizará no sábado, dia 15, das 9h30min às 12h.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Desenhos

Pode ser visitada até o dia 10 de outubro a exposição Desenhos, de Marcos Fioravante que está em cartaz na Microgaleria Arte Acessível.  O pastel seco marca o papel branco em infinitas possibilidades de meios tons até o preto mais intenso. Os trabalhos são extraídos de referencial fotográfico e tomam dois caminhos: as cenas ou fragmentos de interior arquitetônico e formas isoladas aparentemente soltas no papel, quase minimalista. A visitação é de segunda à sexta, das 9h às 19h.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Se eu lhe disser...

Se você clicou aqui atrás de algo leve, breve e descontraído para passar o tempo, se distrair, ou quem sabe se emocionar com as palavras que às vezes escrevo sobre amor e outros sentimentos igualmente nobres e bonitos, desista em tempo. O que você lerá a seguir pode fazê-lo enxergar as pessoas e o mundo com mais raiva. Pode modificar seus hábitos diários e você corre sério risco de ser dominado por altas doses de desesperança e indignação em relação à humanidade. Depois, espero que todo esse misto de emoções negativas transforme você em um cidadão mais consciente, mais informado sobre o seu futuro e mais saudável. ERB é como chamam as Estações de Radio Base, onde ficam antenas de telefonia móvel e de outras telecomunicações. Você deve estar pensando: “E daí? Qual é o problema? Existem várias dessas antenas pela cidade (50% delas ilegais), isso é lenda, não tem nada provado”. E se eu lhe der a minha palavra que têm sim. Tem muitas coisas ruins provadas em pesquisas sérias realizadas por estudiosos respeitados pela Organização Mundial da Saúde, que desde 2011 reconhece para quem quiser saber a potencialidade cancerígena desse campo magnético onde todos co-habitamos? O que mais o ser-humano precisa saber? Para entender que agora é a hora, já que estamos por aqui mesmo e ainda não pintou a possibilidade de mudar de planeta. O que não é de duvidar que em algumas décadas não se parcele em 12 vezes agradabilíssimas temporadas no cinco estrelas mais badalado de Júpiter. Se eu lhe disser que e eu entrevistei dois dos maiores especialistas do Rio Grande do Sul e do Brasil, e que, talvez por isso, a cada dia estou mais receosa e amendrontada porque estamos sempre prestes a receber ainda mais doses diárias e constantes de radiação nociva que pode aumentar em muitas vezes a possibilidade de eu, você, e dos nossos filhos e netos de desenvolvermos tumores, entre outras doenças? Se eu lhe disser ainda mais, que pela criteriosa e respeitada legislação vigente em Porto Alegre está permitido o uso compartilhado de estações de Radio Base por diferentes empresas de telefonia melhorando o serviço e minimizando o dano nas pessoas. E que essas mesmas empresas não querem dividir seus “bons sinais” com as outras para terem mais lucro e ganharem mais mercado sozinhas? Se eu lhe disser que esse compartilhamento em muito melhoraria tanto a comunicação entre os aparelhos móveis quanto a emissão de radiação cancerígena e que todas as empresas operadoras e fabricantes sabem de tudo isso e de muito mais, mas não têm coragem nem vontade de investir em pesquisa para melhorar a tecnologia dos aparelhos e antenas para que se minimizem os danos aos seres humanos ou de patrocinar campanhas de comunicação sobre como minimizar a exposição. Se eu lhe disser que é nosso direito saber o que estamos consumindo, por que e como faz mal? Com campanhas educativas. Com verdade. Com a urgência de avisar que diminuir a exposição terá excelentes consequências futuras. Mas toda essa informação pode comprometer o lucro. Porque é bem mais fácil, rentável e divertido essas mesmas empresas investirem massivamente nos meios de comunicação para que nenhuma dessas realidades chegue aos nossos rádios, celulares, televisões e computadores exatamente assim como eu estou contando para vocês. E mais exatamente ainda como aconteceu com o cigarro há alguns anos. Quantas pessoas morreram por fumar sem saber o quanto o cigarro era prejudicial à saúde? As empresas de cigarro faliram? As das telecomunicações e de telefonia móvel também não vão quebrar. Ninguém vai parar de desejar o Iphone 27s em 2022, mas todo mundo vai usar fone, que vai virar mais moda do que já é. Ninguém vai deixar de comprar microondas e televisões de plasma, mas as crianças não vão estar com as caras coladas como se estivessem a ver peixinhos no aquário, como muitos de nós, desavisados, já ficamos. O mundo vai continuar crescendo, todo mundo vai seguir lucrando, viajando, deslumbrando-se com a cafonice estratosférica de Dubai, comprando bolsas, joias, carros, smartphones, IPads e o que mais for ser inventado. Esperta será a primeira operadora de celular que fizer o primeiro marketing preventivo e de conscientização com informação. O primeiro político a incluir no seu programa de governo essa política de informação. Quero estar viva para que ele ganhe o meu e mais milhares de votos, e queria que fosse a Vivo para que eu não precise trocar de operadora. Eu e mais um monte de pessoas. Mas é bem mais prático tentar mudar a lei e continuar lucrando às custas dela do que educar as 7 bilhões de pessoas conectadas. Aí, eu lhe digo que sou alguém que acredita que esse movimento não está longe de acontecer e que sim, eu acho possível mudar o mundo. A direção das coisas. Usando as mesmas ondas de radiação que farão com que você espalhe esse texto para o maior número de pessoas que você acredite ser capaz. Agora, em vez de continuar lhe dizendo esse monte de coisas, eu queria lhe pedir para ler até o fim as duas entrevistas que seguem. Se não for agora, eu sei que é longo, guarde para ler amanhã. Mas, por favor, não deixe de ler. Eu lhe prometo, juro pela nossa saúde e dos nossos filhos que valerá a pena.


Entrevista com o professor e Doutor Álvaro Augusto Almeida de Salles, da Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O engenheiro elétrico é um dos maiores especialistas brasileiro no impacto do celular e dos campos magnéticos. Mestre e Doutor na área de Campos Eletromagnéticos e de Telefonia Celular (ERB's)

O que mais o preocupa?
Dr. Álvaro Augusto Almeida de Salles – A minha preocupação maior não é a “qualidade de comunicação” e sim a “qualidade de vida”. O problema é o que vem depois. O futuro é um só. Não existe mais que uma alternativa para o futuro: são as populações e os governos se conscientizarem de que deve haver uma redução no uso das comunicações sem fio. Estamos falando em telefonia celular, WiMax, Bluetooth, Wi-Fi, etc e tal. O etc e tal engloba varias questões. As pessoas usam de forma errada o celular. Em casa, em vez de usar o fixo, usam celulares. Em inglês, já existe até um jargão: Avoid Wirelles, Back to Cable. Ou fio, ou cabo coaxial, ou fibra ótica. Daqui a 10, 20 anos, Se quisermos evitar um mal maior, p. ex. para daqui a 10 ou 50 anos, ou menos, deve acontecer uma campanha ampla orientando a população, coordenada pelos governos, com a participação das operadoras e fabricantes. Porque eles vivem disso e não podem matar a “galinha dos ovos de ouro”. Uma ampla divulgação de que existe risco grande e que podemos e devemos minimizar os riscos. Hoje existem mais de 250 milhões de usuários de celulares no Brasil. No mundo são mais que 5,5 bilhões utilizando telefonia móvel, numa população de cerca de 7 bilhões de pessoas. É um problema de uma dimensão gigantesca, e mesmo que o risco fosse muito pequeno percentualmente, numa dimensão de uma população usuária dessas, significa uma quantidade elevadíssima de pessoas sob risco. Um verdadeiro problema de saúde pública de enormes dimensões.

E quanto a Organização Mundial da Saúde?
Dr.Salles – No dia 31 de maio de 2011 a OMS declarou como possivelmente cancerígenas (classificação 2 B) essas radiações de radiofreqüência. O que acontece hoje em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo? Crianças em sala de aula estão conectadas no Wi-Fi nas melhores escolas. Nós medimos aqui na UFRGS. Um laptop ligado no Wi-Fi tem uma densidade de energia, 10 laptops têm uma densidade bem maior, 20 ainda mais, e 30, assim por diante. As crianças ficam diariamente 2, 3 4 horas nesses ambientes. Certamente essas crianças são mais suscetíveis que os adultos. Não se sabe o resultado disso. Mas os resultados de pesquisas científicas já apontam para um risco elevado. Essas crianças estão sendo cobaias de uma tecnologia que não mostrou ainda ser inócua à saúde. Ao contrário. O risco é grande. Funciona assim: alta potência e baixo tempo é risco. Este é o caso do celular encostado na cabeça, isso é alta potência. Já existem pesquisas epidemiológicas mostrando que quem usava mais de meia hora por dia durante 5, 6, 7 anos tinha um risco muito maior de desenvolver tumores cerebrais dos mesmos lados em que eles costumavam encostar o celular. Alguns são tumores raros. Gliomas, astrocitomas, neurinomas acústicos, tumores da glândula parótida, etc., alguns benignos, outros malignos. Mesmo os benignos, sendo na cabeça são graves. Isso é alta potência durante curto período. Resulta então em risco grande. Existe a baixa potência de exposição durante longos períodos, que também já está provado que o risco é grande. Por exemplo, a Mariana que mora num edifício que tem uma Estação de Radio Base (ERB) à cerca de 200 ou 300 metros da casa dela. Aí é baixo nível sim. Mas você mora ali, dorme cerca de oito horas por dia em sua casa, você está durante aquelas oito horas sendo exposta. Daí a Mariana acorda e vai trabalhar em determinado organismo e fica mais sete ou oito horas no seu local de trabalho com um Wireless e/ou uma estação de Radio Base, a cerca de 100, 200 e 300 metros próxima aquele ambiente de trabalho. Hoje em dia muitos lugares têm, aeroportos, Mercado Público, parques da Redenção e Parcão. Baixo nível por longo período também já se sabe que os riscos são elevados.

O que já está provado?
Dr.Salles – Existe uma pesquisa epidemiológica numa cidade da Alemanha que se chama Naila. O problema é que as pesquisas são muito demoradas e caras. São necessários pelo menos 8 ou 10 anos pela própria latência desses tumores. Isso vale tanto para exposição de baixo nível, que são as antenas, quanto para a de alto nível, que é o celular encostado na cabeça. Em Naila, o resultado de quase uma década de pesquisa, entre outros, foi o seguinte: aqueles que habitavam até 400 metros da estação de Radio Base tinham um risco 3 vezes maior de desenvolvimento de tumores como câncer de mama, próstata e etc. Foram médicos quem realizaram essa pesquisa em um projeto coordenado pelo Ministério da Saúde da Alemanha. Outro resultado foi em Israel, numa cidade chamada Netanya. Entre outros resultados, até 350 metros em torno de uma estação de Radio Base, o risco de desenvolvimento de tumores aumentou para 4,5 vezes. É difícil que as pessoas se assustem porque são poucas as pesquisas epidemiológicas. O movimento de conscientização aqui é mais recente. Nos países nórdicos, p. ex., na Suécia e na Finlândia, já começou há pelo menos 10 anos. Então já existem disponíveis pesquisas epidemiológicas com mais tempo. Na Suécia tem um grupo que estuda há tempos aparelho móvel. As pesquisas mostraram que os usuários mais intensos de aparelhos móveis tinham uma probabilidade bem maior de desenvolver esses tumores, de 3 a 4 vezes mais possibilidades de desenvolvimento de tumores cerebrais. No Brasil havia estatísticas do Inca, o Instituto Nacional do Câncer, que mostravam o que eles chamam de séries temporais. Mostravam o aumento de mortalidade por tumores cerebrais. Era um tumor cerebral em 100 mil pessoas. Por acaso, houve um aumento substancial a partir dos anos, imediatamente 2, 3 anos depois do surgimento mais intenso de telefonia celular aqui no Brasil. Essas pesquisas já apareceram na Internet, mas não aparecem mais. Porque, eu não sei. O resumo da ópera é esse. Já existem resultados de pesquisas epidemiológicas apontando assim: o risco é grande. Tudo é estatístico. Não dá para dizer assim, se a Mariana usa, ela vai ter, mas as estatísticas estão aí.

Dá para afirmar que o aparelho celular em si causa mais dano que as antenas?
Dr.Salles Não. Dá para afirmar que o aparelho celular encostado na cabeça causa uma das exposições mais intensas que tem ocorrido. Está sendo mal usado. Ele não poderia ser usado encostado na cabeça. Deve ser usado com o fone de ouvido. As pessoas devem manter o aparelho sempre afastado de qualquer parte do corpo. Os próprios fabricantes nos seus manuais já avisam isso. Não deve ser operados a menos de 2 cm ou 2,5 cm afastado da cabeça. Será que o fabricante diz isso para alertar e minimizar o risco das pessoas? Ou para evitar, que mais adiante quando começarem os problemas judiciais, eles argumentarem: “Nós avisamos no manual que eles não podem ser usados encostados na cabeça, nós não temos responsabilidade”. No manual do Iphone 4 diz assim: nunca operar o aparelho a menos de 2,5cm de qualquer parte do corpo. No manual do Blackberry: não mantenha o dispositivo a menos de 2,54cm. No do Motorola,1 polegada (2,54 cm) distante. E sempre deve ser mantido mais que 6 polegadas da pessoa que tem marca passo. As capinhas que dizem ser protetoras são só para os seus vendedores ganharem dinheiro.

E os fones de ouvido adiantam mesmo?
Dr.Salles – Os fones de ouvido adiantam mesmo. Mantendo o aparelho afastado da cabeça, o risco fica muito minimizado. “O quanto” se minimiza o risco, é difícil medir. Cada pessoa tem o seu metabolismo. Numa pessoa pode ser mais grave, noutra menos grave. Um pesquisador americano pioneiro nesses trabalhos com o qual nós aprendemos muito, chamado Om Gandhi, fez o cálculo exato. O mesmo cálculo que nós fazemos aqui na UFRGS, do celular se aproximando da cabeça. Mostra que para cada milímetro que você consegue afastar o aparelho da cabeça, a sua exposição e dos seus tecidos do cérebro decai cerca de 10% a 15%. Se você falar em 10 milímetros, que é 1cm, e fizer essa soma cumulativa, vai dar mais de 100% de redução da radiação. As pessoas ainda colocam a mão em cima, o que prejudica mais. É necessário fazer uma campanha de esclarecimento: “use sim, sempre o fone de ouvido”. O fone de ouvido tem pelo menos três benefícios. O primeiro deles é que você está afastando o aparelho do corpo, pois quando ele está encostado na cabeça, mais de 60% da energia fica dissipada nos tecidos do cérebro, então falta energia para ele comunicar com a estação de Radio Base mais próxima. Ele tem um ajuste automático de potência, em 10 níveis. Sendo que o nível mais elevado é mil vezes acima do mais baixo. Na hora em que encosta-se à cabeça, o aparelho usa parte da energia para aquecer os neurônios, falta energia para comunicar com a ERB mais próxima e ele então começa excursionar com níveis mais elevados, até que chega no mais elevado e cai a ligação porque ele não consegue mais mantê-la. Então o primeiro benefício é esse, você melhora qualidade da comunicação, se o mantiver afastado do corpo porque ele não está usando boa parte da energia para aquecer os seus neurônios. O segundo benefício é que a sua bateria vai durar mais porque ele trabalha mais tempo em níveis mais baixos, se estiver usando fones de ouvido. E o terceiro, e a meu ver o maior benefício, é que o seu risco a saúde cai substancialmente. Especialmente considerando isso, que a cada milímetro que você conseguir afastar, cai de 10% a 15%. Quem consegue manter o aparelho a 2 cm, estaria reduzindo praticamente 200% seus riscos. O afastamento é pequeno, o benefício é grande. O problema é que os tecidos do cérebro e os neurônios são tecidos muitos sensíveis, e sofrem danos em níveis muitos baixos de exposição, como já foi demonstrado repetidas vezes na literatura científica internacional.

Que tipo de danos?
Dr. Salles – P. ex., já foi demonstrado repetidas vezes na literatura científica internacional, o que se chama de quebras simples e duplas das moléculas de DNA (aquelas hélices duplas que você já viu em imagem várias vezes). Na quebra simples, se uma fita só se quebra, a molécula tem uma probabilidade alta de se recuperar. Se a quebra é dupla, nas duas fitas, a probabilidade maior é que a molécula se parta, sofra uma mutação, e isso pode iniciar a justificação de um princípio de degenerescência. Degenerescência essa que poderá causar os tumores cerebrais que já estão comprovados nas pesquisas epidemiológicas mencionadas atrás. Outros efeitos de baixo nível de exposição também já foram relatados, como a alteração da barreira hemato-encefálica (“Blood Brain Barrier”), etc.

Esses tumores já acontecem?
Dr.Salles – Pois é, estão provados nessas pesquisas. Por exemplo, a da Suécia, do grupo do Dr. Lennart Hardel, do Hospital Universitário de Orëbo, mostrou isso. Mostrou que o uso mais intenso do celular, p. ex., durante pelo menos por 6, 7, 8 anos e cerca de 20 minutos ou mais por dia, aumenta substancialmente a probabilidade de tumores cerebrais do lado que o usuário normalmente encosta seu celular. Então a quebra simples e dupla da molécula de DNA é uma justificativa biológica para aquele efeito, que já está sendo provado nas pesquisas epidemiológicas.

E esses países? Algum deles já desenvolve campanhas unindo seus governos e empresas fabricantes de telefonia móvel?
Dr.Salles Muito difícil. O problema que temos no Brasil é o mesmo que acontece na Europa ou nos Estados Unidos porque cada minuto que o Salles fala para a Mariana, ou que a Mariana coloca na imprensa, a cada minuto desses, tem mil minutos ou mais de propagandas enganosas, que não dizem a verdade. É grave. A criança numa sala com sistema “wireless” está sendo cobaia de uma tecnologia que não provou ainda ser inócua à saúde. Ao contrário, as pesquisas apontam para risco grande.

O que é pior, “wireless” em casa, ou Estação de Radio Base próxima?
Dr.Salles As emissões das Estações de Radio Base, você estando a 100m, 200m, 300m são de baixo nível, mas por longas horas, podem resultar em problemas. Mesma coisa o “wireless” em casa. Tem gente que deixa ligado o tempo todo. Oito ou 24 horas por dia ligado. O nível é baixo. O risco é grande porque as pessoas ficam horas e horas durante anos e anos em suas casas. O ideal mesmo, que é futuro, é você ter na sua casa um conectorzinho, na sua mesa de cabeceira, na sala, no quarto, na mesa de jantar, etc. Você vem com o seu celular ou o seu notebook e conecta. Em vez de ter a onda irradiando ali, vem tudo via cabo coaxial, ou fibra ótica, ou par trançado. Esse é o futuro. A Mariana só vai falar no celular dela, quando ela estiver saindo de casa para o trabalho, quando ela estiver em casa ela vai falar sempre por comunicações via cabo. No trabalho também. É difícil de dizer qual é o pior. Algumas características são importantes: distância, tempo de exposição e características do emissor, se tem mais potência, mais canais, etc e tal. Mas o “wireless” ainda tem um probleminha adicional. Quase todos funcionam numa freqüência da ordem de 2.5 GigaHertz. Por azar essa freqüência é muito próxima da freqüência natural de ressonância da molécula de água. Não é por acaso que os fornos de microondas também funcionam nessa freqüência. Quando você coloca a galinha no micro, porque ele opera nessa freqüência é que ele aquece as moléculas de água da galinha. Esse aquecimento é que cozinha o tecido da galinha. O corpo humano tem pelo menos 60% de conteúdo de água, então nessa freqüência do “wireless” é onde o risco é maior. A turma que trabalha nessa área da ressonância sabe que na ressonância os efeitos são todos mais intensos. Nessa freqüência, lamentavelmente opera também o 4G que estão falando que vem aí para a Copa. Essa freqüência devia ser evitada. Esse futuro vai depender das pessoas acreditarem que a OMS quando recomendou que a radiação seja possivelmente cancerígena tinha razão. E que a recomendação da utilização do “Princípio de Precaução” é importante ou não. Ou então quando esperarem os resultados das pesquisas epidemiológicas. É como uma especialista que conheço diz: “Estão esperando o quê? Cadáveres?” Então o caminho é um só. Fones de ouvido e redução da comunicação sem fio. Quando você entrar no carro você pode usar seu celular, mas você vai conectar e a antena estará em cima do carro, a radiação vai ficar para fora e não para dentro do carro. Todos os casos têm solução, basta que se queira minimizar os riscos.

Que cuidados devemos ter ao usar o microondas?
Dr.Salles – O forno de microondas é blindado. Você quer que ele aqueça o alimento. Se ele estiver blindado corretamente, sem problemas na blindagem e você estiver a mais de 40 cm dele, tudo bem. O que você não pode deixar é o seu filho grudar o nariz na porta para ver a bolhinha saindo do alimento. Os tecidos do cérebro e dos olhos são muito sensíveis também.

Como é o movimento das ondas das Estações de Radio Base?
Dr.Salles – É mais na horizontal. A energia mais irradiada é na horizontal. Se você tem Estação de Radio Base no topo do seu prédio, quem está na frente do seu prédio pode estar sendo mais irradiado do que o que está embaixo. Quem está embaixo é menos irradiado. Isso depende de uma série de características técnicas, principalmente o que a gente chama de diagrama de radiação de antena. Mas geralmente a onda está sendo irradiada quase na linha do horizonte, o feixe mais forte. Observe só, tendo em vista os resultados de Naila, na Alemanha e de Netanya, em Israel, que mencionamos há pouco, que mostraram um risco de 3 vezes até 400 metros em Naila e 4,5 vezes até 350 metros dessas estações em Netanya: se você mapear Porto Alegre e colocar as mais de 600 ERBs que existem em Porto Alegre (350 legalizadas), e ver quem está fora desse raio de 350, 400 metros, sobra muito pouco, muito pouca gente. O pessoal que trabalha com essas pesquisas epidemiológicas diz o seguinte: “daqui a pouco, só teremos as cobaias e não teremos mais o grupo de controle”. Faço uma comparação com o cinto de segurança, há uns 10 ou 20 anos atrás, tinha gente que não usava, hoje todo mundo usa e sabe que é bom. O fone de ouvido eu tenho certeza, eu tenho convicção que daqui uns cinco anos, todo mundo vai dizer, mas por que não comecei a usar isso antes... Comunicação fixa sempre que possível, em casa, no trabalho, em qualquer local. Eu visualizaria, por exemplo, no Parque da Redenção, no Parcão, no Aeroporto, no Mercado Público, nos Shopping Centers, um conectorzinho público. Da mesma forma que tem hoje os orelhões de ficha. Você conecta, digita um código e começa a usar aquela conexão.

Algum país já faz isso?
Dr.Salles – Não fazem, mas estão nessa direção certamente. Muito pouco, a Europa, assim como os Estados Unidos têm esse mesmo problema. Vai ser uma luta demorada. A do cigarro durou pelo menos 30 anos depois que se sabiam dos riscos. Mas o custo está sendo muito elevado. Infelizmente quem está pagando esse custo é o SUS, e lógico, a saúde das pessoas. Espero que no caso da telefonia celular a história não seja tão parecida.

Existe uma maneira de blindar os apartamentos ou os vidros?
Dr.Salles Na Europa eles usam muito isso. Usam blindagem em janelas. Isso aí é um paliativo. Você reduz a penetração da onda no seu quarto, no seu apartamento, mas não é a solução mais eficaz em termos globais para a população.

Sobre a nossa legislação de Porto Alegre em relação às ERBs. Ela é adequada?
Dr.Salles A legislação de Porto Alegre é muito boa, sem dúvida é uma das melhores do país. Tem sido modelo para vários municípios, para leis estaduais e federais. A Lei Federal de 2009 se baseou em parte nela. Ela é um pouco mais protetiva que a Lei Federal. Parte do Princípio da Precaução. Ela foi baseada nos níveis da Suíça, e na Suíça há mais de 13 anos ela está em vigor. Opera direitinho. As operadoras tinham duas reclamações em relação à legislação. A outra questão que eles reclamam de Porto Alegre são os 500m entre torres. Esta é mais uma questão urbanística e arquitetônica para a cidade não virar um “paliteiro”. Isso só se refere às torres. Não podem estar duas torres como menos de 500m entre elas. A legislação mudou em 2002 e ofereceu um prazo, até 2005 para que eles regularizassem as antenas. Três anos para se adequar. Em 36 meses, elas não conseguiram se adequar à nova lei e então passaram a pagar multas por descumprirem itens da legislação. Acho perfeita essa medida de 500 metros. Pode colocar mini ERBs em topos de prédios. Muito melhor do que torres. Mini ERBs são estruturas mais simples.

É possível que cause mais linfoma do que outros tumores?
Dr.Salles São vários tipos de câncer que podem ser causados também pela radiação, o linfoma é um deles. Falam também em leucemia. As pesquisas epidemiológicas que existem já provaram também que moradores próximos às linhas de alta tensão, principalmente as crianças tinham um índice de leucemia muito maior do que o restante da população. Este é o mesmo tipo de radiação, é o que a gente chama de radiação não-ionizante. Só que muda a freqüência. No caso dessas linhas de alta tensão, essas crianças moravam até cerca de 150 metros das linhas de alta tensão, o que aumentava o risco de leucemia. O único argumento que os fabricantes de celulares e as operadoras de telefonia celular usavam é que a OMS se baseava nas recomendações da ICNIRP e eles obedeciam estas recomendações da ICNIRP também, que é um organismo internacional. A partir de 31 de maio do ano passado (2011), esse argumento não existe mais, porque a Organização Mundial da Saúde declarou possivelmente cancerígenas estas radiações, e eles minimizam isso. Eles dizem que é classificação 2B, onde estão também os pesticidas, estireno, gases de descarga de gasolina e diesel, mercúrio, chumbo, cafezinho, etc. Experimente ficar várias horas por dia, durante anos expostos a estes efeitos.... Verifique se isso vai fazer bem para a sua saúde.

Algum outro tipo de malefício?
Dr.Salles Há vários problemas menores. Eu falo de câncer porque é o maior. Mas causa também irritabilidade, dor de cabeça, perda de sono, náusea. Quanto antes e mais as pessoas se alertarem menor o prejuízo na saúde pública. É problema médico, é problema jurídico e de engenharia. Eu acho que as pesquisas das áreas biomédicas e de engenharia estão resolvidas. O maior problema agora é da área jurídica. Essa tecnologia deve ser usada só quando não existir a fixa. Você vai ter vários benefícios. Um deles é que você vai “descarregar” a rede dos celulares que está congestionada. Quando a gente tenta ligar e está ocupado, pensamos que a outra pessoa não está atendendo, mas é o canal que está ocupado. Mandam aquela mensagem “este telefone está fora da área”. Porque eles venderam mais. É que nem a rede viária de Porto Alegre. Venderam muito carro. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, temos um anel ótico subutilizado. Essas Estações de Radio Base deveriam ser só para comunicar com o público. O grosso da canalização deveria vir por fibra ótica e cabo coaxial, e não é o que ocorre.


Entrevista com a Dra. Geila Radünz Vieira, médica e professora. Especialista em Saúde Ocupacional. Professora colaboradora do Curso de Especialização em Medicina do Trabalho do Convênio Fundação Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre / ABRASS (Associação Brasileira Serviços de Saúde)

Quando começaram esses estudos sobre exposição?
Dra. Geila Radünz Vieira Isso não é nada novo. É muito antigo. No Brasil, temos uma portaria de número PM 3214/78, que prevê insalubridade grau médio das radiações não-ionizantes, que são as radiações eletromagnéticas, a que estão expostos, por exemplo, soldadores e trabalhadores da área tecnológica de telecomunicação. A previdência social tem uma legislação que prevê aposentadoria especial e precoce para esses trabalhadores mais expostos. Ainda há outra legislação que correlaciona patologias com atividades exercidas, um deles é leucemia com trabalhos em campo eletromagnéticos, a alta tensão também gera campo eletromagnético. Não são só as telecomunicações. O fato de ser 3G, 2G, 4G não muda. É o campo eletromagnético.

É para lá de provado então que as pessoas muito expostas ficam doentes?
Dra. Geila – Sim. Tanto é que a legislação do Brasil existe desde o século passado. Porto Alegre tem uma legislação pioneira e bastante criteriosa. Não chega a ser tão restritiva como a norma da Suíça. Mas dentro do Brasil e da América Latina é uma das mais restritivas.

A Sra. acha que ela tem chance de ser alterada?
Dra. Geila – Quando se faz uma legislação nessa área, naquele momento, o grupo de legisladores discutiu, conheceu, aprendeu, entendeu e aprovou. Daí muda esse grupo e vem toda a discussão de novo. A justificativa do 3G e 4G é a Copa do Mundo. Porto Alegre já recebeu Fóruns Sociais Mundiais com muito mais gente e não houve dificuldade nenhuma. O problema é preguiça de desenvolvimento tecnológico. Em vez de aprimorarem o produto deles, eles querem alterar a lei. E naqueles lugares que não têm legislação e o problema é igual ou pior? O problema é de tecnologia.

A cidade está quase toda recebendo sob efeito do campo magnético?
Dra. Geila – Temos áreas quentes, como nós dizemos, onde a medida de campo é maior. Em áreas como o Centro, o Moinhos de Vento e o Bonfim. Eu não sou contra o celular, só acho que existem regras. A população não acredita porque radiação não se enxerga.

Por que não existem ainda os cadáveres vítimas de radiação?
Dra. Geila – Existem sim. Os cadáveres já existem. Entre outras coisas, esse aumento de câncer nas pessoas se deve ao campo eletromagnético. Todo mundo que quiser saber, pode saber. Aí está a legislação comprovando e relacionando leucemia com campos eletromagnéticos. Repito, isso não é novo. As variações eletromagnéticas são uma das causas do aumento dos tumores.

Existem trabalhos científicos nessa área aqui no Sul?
Dra. Geila – Nós concluímos um trabalho muito bonito aqui na UFRGS, já ganhou duas menções honrosas como trabalho científico e foi feito com a Odontologia. Tudo é em nível celular. Sobre os efeitos biológicos do campo eletromagnético existem inúmeros trabalhos. A publicação Bio Iniciative Report têm muito material. Há cerca de quatro anos, trouxemos para o Ministério Público 12 pesquisadores internacionais para palestras reforçando a legislação de Porto Alegre, mas recomendando afastar antenas de escolas, hospitais, clínicas médicas e geriatrias. Crianças e idosos são mais vulneráveis. O efeito é maior em áreas que tiverem maior quantidade de água ou gordura porque a radiação se distribui melhor. O que tem no nosso corpo? Cérebro, olho, que são as partes mais próximas do celular. Aumenta a incidência de catarata. Isso é muito velho, desde os anos 90.

Como era esse trabalho?
Dra. Geila – Quando uma célula sofre uma injúria, é maltratada por efeito de alguma coisa, ela forma micronúcleos. A presença de micronúcleos numa célula significa que ela sofreu uma injúria. No trabalho da UFRGS, pegamos a células da mucosa da boca e fizemos a seguinte análise: selecionou-se um grupo que não podia fumar, nem ter prótese oral, nem tomar chimarrão. O único critério era falar no celular, avaliando dois grupos. Um de contas altas e outros de contas baixas. Verificou-se que quem falava mais e estava mais exposto à radiação tinha nove vezes mais micronúcleos que aqueles que falavam menos na mucosa do lado em que usa o aparelho. O que quer dizer isso? É o primeiro trabalho com ser humano que correlaciona alteração em nível celular nos humanos com o uso do celular. Esse trabalho tem que evoluir para saber que tipos de patologias vão surgir em um dos grupos. Que a radiação agrediu e agride a célula já está provado. Daqui para frente o que vai acontecer com essas pessoas, a pesquisa deve mostrar.

Por que essas pesquisas não saem na mídia?
Geila – Já estiveram na mídia. Quando acontecem esses “booms”, voltam à mídia temporariamente e depois se perde interesse porque entram os patrocínios maciços que calam a boca da imprensa.

Fale sobre a legislação de Porto Alegre?
Dra. Geila – Participei do grupo de trabalho que estudou a legislação municipal. A lei foi muito pensada, baseada nas normas da Suíça, da Itália e da França. Porto Alegre é a excelência que há no momento, sendo copiada por outros países, como Argentina e o Uruguai. Se ela poderia ser ainda mais restritiva? Sim, poderia. A da Suíça é mais restritiva.

E os prédios que têm antenas em cima? Os moradores correm riscos de receber doses maiores de radiação?
Dra. Geila – São o que chamamos de radiação parasita, aquela que foge da área de incidência. A operadora vai dizer que não tem problema, é lógico. Eles sabem de tudo, mas omitem. Procure se informar onde moram esses executivos da telefonia móvel com seus filhos. Pode ter certeza que não existem antenas em cima do prédio deles, nem exatamente na frente.

Para minimizar os danos, o que é possível fazer? Além de usar os fones de ouvido? Não ficar próximo aos microondas ligados e desligar o "wireless" quando não estiver usando?
Dra. Geila – Reduzir o tempo e exposição. Usar fones de ouvido. Orientar as crianças que dêem preferência às mensagens e torpedos, telefone fixo e internet cabeada. Com conectores. Eu tenho cabo e não tenho dificuldade nenhuma. Já ajuda muito. Quanto tu tiver mais longe, menor o efeito em cima de ti. REDUZIR TEMPO DE EXPOSIÇÃO! Essa é a alternativa. As pesquisas epidemiológicas e estudos de Naila, na Alemanha e Netanya, em Israel e situações como a das Torres do Vaticano são muito claras. Lembra que houve uma incidência muito grande de tumores na região das torres e o Vaticano foi multado e teve de indenizar. O uso crônico é o que piora. Nas células existe um transporte transmembrana de sódio e potássio. O que se provou? O campo magnético altera esse transporte desses íons. A célula tem sua capacidade de reparo. Então ela sofre e consegue se recuperar. Só que provocando esse estímulo de recuperação de forma sistemática e crônica, a célula acaba perdendo essa capacidade de reparo e causando o agravo, o que chamamos de doença. Depende de onde as pessoas têm as suas fragilidades.

Que outros males pode produzir?
Dra. Geila – Cataratas, arritmias, alterações em nível de bomba de sódio e potássio. Maior incidência das leucemias. Na Finlândia, onde tem a Nokia, há trabalhos maravilhosos. Lá já se fala numa coisa que por aqui ainda se torce o nariz. São os eletrossensíveis. Não se sabe ainda por que e como, mas já está provado que algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos da radiação do que outras.

Por que essas informações todas não estão a disposição da população?
Dra. Geila – A Organização Internacional do Trabalho é o órgão que mais sabe sobre o assunto. Antigamente essa preocupação era restrita às fábricas e indústrias que lidam com isso como a indústria bélica, por exemplo. Existem inclusive regras internas de tempos-limites de exposição permitidos nos ambientes controlados. A radiação não-ionizante existe em ambientes controlados. Só que saiu dos ambientes controlados e está descontrolada. Em termos de saúde prevalece a legislação restritiva e a nossa legislação é muito boa. A legislação de Porto Alegre prevê compartilhamento, o que diminuiria significativamente o campo magnético e atingiria o objetivo que é ter sinal. Mas a empresas de telefonia não querem compartilhar. Porque é custo. E quem colocou ali, correu na frente, tem mais lucro que a empresa que não colocou. É uma disputa econômica entre as operadoras, às custas do ser humano.

Deixar o computador em cima do colo faz mal?
Dra. Geila – Tem trabalhos que provam que aumenta a possibilidade de câncer de próstata nos homens. Para as mulheres não existem trabalhos científicos ainda, mas por analogia, faz mal também. Toda a nossa cidade está colocada como se fosse um favo de mel. No meio desse favo tem as antenas. Ela vai passar o sinal de favo em favo até cada aparelho. Mesmo com o celular desligado, no sistema de busca para saber onde é que tu estás, para tu receberes o sinal, tu estás sempre sofrendo e recebendo radiação. Não se deve dormir com o celular nem desligado dentro do quarto. Tem que ficar no mínimo mais de um metro da tua cabeça. Quando tu falas ao celular, como não tem antena nos aparelhos de hoje em dia, a tua cabeça é a antena. Por isso que o celular como projeto é muito ruim porque ele desperdiça 70% da energia, a qual vai para sua cabeça. A questão não é colocar antenas e sim melhorar o projeto. Nós população e nós cidadãos temos que exercer a nossa cidadania. Os legisladores são meros representantes nossos e as leis são feitas de acordo com a vontade da população. Existe coisa mais desmoralizante do que dizerem que Porto Alegre tranca e no Brasil inteiro, onde não há legislação também tranca? Aqui a maioria das antenas instaladas são irregulares. Eles querem tanto colocar mais antenas, que existem apenas 50 pedidos. Temos que pressionar. Nenhuma sociedade melhora se não houver cidadania. Para as empresas é mais fácil mudar a lei do que investir em tecnologia.



Arte coletiva


Na Viena do início do século (1903-1932) com cabeças como Josef Hoffmann, Koloman Moser, Dagobert Peche e Gustav Klimt, a Wiener Werkstaette revolucionou o cenário artístico no início do século XX, ao reunir arquitetos, artistas plásticos e designers em torno de projetos artísticos coletivos. Apresentado por Paula Ramos que vai falar sobre as motivações propostas e as obras desses criadores, o Almoço Clio da próxima semana será realizado amanhã, dia 12, e dia 14. A gastronomia será assinada pelos chefs Leonardo Magni e Liliana Andriola.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Celulares e bicicletas


Dentro da programação da Rodas de Conversa, com organização: da Associação Amigos Caio Fernando AbreuAACF, o Laboratório de Políticas Públicas (Lappus) traz Celso Copstein Wandemar, da Agapan, para falar sobre o tema Celular Causa Câncer? Imperdível para quem se preocupa com a própria saúde e a dos outros. O encontro está marcado para às 19h na Cidade da Bicicleta, na Rua Marcílio Dias, 1091, Menino Deus. Para marcar o aniversário do escritor e poeta gaúcho que dá nome à associação, a AACF vai realizar leituras de textos em que ele fala sobre a sua paixão em andar de bicicleta por Porto Alegre também na Cidade da Bicicleta, só que na próxima quarta-feira, às 12h.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Passeios abstratos

Foi aberta hoje ao público a exposição com as pinturas da artista plástica Cristina Dall'Igna com a curadoria de Fernando Baril na Galeria de Arte Paulo Capelari, que fica na Visconde do Rio Branco, 691. Quem conhece Kiki, como é carinhosamente chamada pelos amigos, sabe bem como ela é exigente com tudo o que faz com admirável paixão e incansável dedicação. Não foi diferente durante os muitos anos em trabalhou como personal trainer imprimindo na época um revolucionário trabalho com o corpo dos muitos alunos e alunas que a adoravam, já com princípios de pilates, alongamento e movimentos funcionais em uma época muito além de seu tempo. Foi nesse instinto de ir além que Kiki descobriu seu maior dom: a arte. Educadora física por formação e artista por vocação, Cristina chamou atenção com seus primeiros trabalhos figurativos inspirados pela natureza. Obcecada pelas formas, decidiu passear por outros caminhos e o belo, mas não surpreendente resultado está nessa primeira mostra individual em que a artista apresenta 20 pinturas em acrílico usando técnicas diversas como textura, colagem e monotipia com dimensões variadas e inclusive dípticos. Seu mergulho na arte abstrata mostra que o tempo passou, a artista amadureceu sua obra, virou avó, mas continua a mesma linda mulher que imprime a idêntica energia e amor em tudo que coloca a mão. A mostra poderá ser visitada até o dia 29 deste mês, das 9h as 18h e aos sábado das 10h as 13h.