quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz Natal com A-M-O-R


Até uma dor de barriga inesperada e passageira pode soar romântica em tempos de reflexão. Não que tenha sido tão rápida ou pouco percebida. Nem só as coisas mágicas, os cheiros e os sons da infância se perdem da gente com o tempo. Para as sortudas que não têm cólicas abdominais sem fim, as dores de barriga são sinônimo de nostalgia: Sessão da Tarde liberada, guaraná no meio da semana, maçã, bolachinhas água e sal e infindáveis telefonemas amorosos da mãe para saber como andavam as coisas. É a inusitada visita dessa dor em pleno novo milênio que chama a atenção e transporta para o início dos anos 80. Os novos ares, lugares e pensamentos lhe oferecem uma percepção diferente da vida e de você, que percebe como pode ser bom não deixar para trás prazeres, dores e sensações que a rotina é capaz de adormecer. Cada gesto ou pensamento seu ganha mais atenção do que a habitual. Então você organiza mentalmente alguma bagagem na velha e útil mochila, sem a ansiedade natural da adolescência (que por sinal também dá uma dor de barriga bem boa). Um tempo em que quase tudo estava deliciosamente por vir. A experiência tem uma voz sim. Para quem consegue escutá-la, ela sussura com inteligência segredinhos bem legais sobre você.   
Então sabiamente você repete os desejos e desafios do ano que passou e sobre o que vai chegar. Choraminga dificuldades e conquistas. Diz mais uma vez que nada do que aconteceu seria possível sem o ombro amigo e nada secreto das pessoas importantes para você. Minha amiga-secreta ganhou em letras grandonas a palavra A-M-O-R bem linda e vermelha. Tudo que eu acredito ser necessário para enfrentar com equilíbrio a árdua e sedutora tarefa de estar aqui. Que em 2012 eu e você sigamos experimentando os novos e velhos sabores simples e verdadeiros. Mesmo que nos momentos especialmente complicados pareça impossível lidar com ausências de pessoas, de saúde ou até de dinheiro neste Natal, lembre: nada é contra você. Ser humano é isso. Quer vir na outra encarnação em forma de cactus? Permita-se receber a tristeza, deixar-se chorar, arrepender-se, perdoar-se, mas não se perca de vez daquela criança que sentia dor de barriga. Coma gelatina, rabisque o que você ouve ou lê e lhe faz algum sentido num caderninho. Coloque os seus sonhos numa caixa. Pode ser uma casa própria, uma bicicleta, a ideia para um livro, um filho ou um jardim. Recorte revistas, tenha ideias, anote telefones e encha a sua caixinha para ver como ela vai estar no próximo Natal. Sério! Leia mais, fale menos. Dance! Corra! Sue! Ame! Na falta de alguém, ame a si próprio. Parece meio sem graça mas é transformador assim que você pega gosto por essa pessoa maravilhosa que você é. Coma, mas não muito. Durma, mas não muito. Olhe-se no espelho e sinta-se feliz, mas não muito. Reze muito para os seus Deuses todos. Almoce com o seu filho, mesmo que ele não coma. Daí pense, tente não gritar. Emocione-se com uma orquídea nascendo de novo. Coma verdes, pise na grama, na areia, mas jamais num ser humano. Escute som alto. Molhe-se na chuva. Se não for à meia-noite em Paris, que seja à meia-noite na Paraguassu. Dependendo de quem estiver ao seu lado a delícia será idêntica. Proteja-se do sol, dos chatos, das bactérias, do consumismo, dos vícios, das mágoas. Mágoas matam lentamente apenas você. Sinta saudades boas, com lágrimas, gargalhadas e verdade. Seja real, seja leal, seja amiga, sorria mesmo que você seja tímido daqueles que preferem olhar para baixo. Ninguém merece viver sem o seu sorriso. Agradeça tudo com o que você vem sendo presenteado ao longo da vida. Não deixe seu humor escapar só porque você se sente perdida. Medique-se. Para a inércia, a melancolia, a rinite alérgica, o câncer e até para uma saudosa dor de barriga existem remédios.
Feliz Natal!



3 comentários:

  1. Adorei! Feliz Natal pra ti também! Bjs Maria Araci

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  2. Um Natal cheio de coisas boas para você e sua família. Em especial para sua princesa!

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  3. Ganhei seu texto de presente... Estou emocionada! Tem muito do que sinto, do que vivo, do que procuro... Tem muito do que o amor pode nos dar!

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