quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Grito sem paciência
Eu já cansei há anos de ouvir duas coisas que minha mãe
não cansa de me dizer. Uma é “fala baixo, criatura”. A outra é “que guria sem
paciência”. Ela tem razão. Até porque eu não acho nada agradável estar perto de
pessoas que berram espaçosas em qualquer lugar que estejam, me nego a admitir
que ajo todo o tempo assim. Sim, meu tom aumenta dependendo da indignação que
sinto pelo assunto que está em pauta. Sobre ter paciência. Eu acho que me falta
mesmo paciência para entender e aceitar ainda muitas coisas. Isso nitidamente
me tira um pouco do meu estado normal. Quando acontece, minha voz sai com raiva
descontrolada e alta, como se o tom maior e repulsivo fosse eliminar todo o
sentimento ruim que determinadas situações a que somos expostos e obrigados a
testemunhar todos os dias. Como a morte de mais uma criança atacada por
cachorros Rotveiler ou Pitbull ontem. Gustavo tinha cinco anos e foi brincar na
casa de outra criança em Capão da Canoa. Provavelmente, se aproximou do
cachorro, que mesmo amarrado, avançou feito um demônio e o mordeu tanto que ele
sobreviveu apenas mais algumas horas. Aí me falta paciência para o tanto de
opinião descabida sobre proteção aos animais, ou que os meios justificam os
fins, que todos são dóceis em princípio e que só precisam ser tratados com
carinho. Essas raças são perigosas, matam pessoas e isso não é normal. Cachorro criado para matar. Sem mais, disse
a minha amiga @perecila no Twitter. Quem faz questão de ter essas raças que
crie numa jaula, de preferência com um cantinho para si próprio. Porque pensar
nisso e nas pessoas que são assassinadas e perseguidas por homofóbicos ou ainda
por filhinhos de papai que, em grupo, espancam mendigos. Desses igualzinhos
aos que vemos exibindo orgulhosos seus pitbuls e rotveillers e suas massas por aí. Isso realmente
aumenta meu tom de voz, me descontrola e me tira a paciência. Sorte da dona
Dedé é que ela está na praia e eu em Porto Alegre. Em vez de gritar nos ouvidos
da minha mãe, dou voz às minhas palavras e escrevo agora um berro histérico para
quem possa ler e ajudar: Como é possível que isso aconteça ainda? Sem punições maiores
para os responsáveis? Sem pensar em restringir e por que não acabar com essas raças
miseráveis. Bom, o que eu penso de verdade sobre o que deveria acontecer
com raças de cães e “seres humanos” letais e descontrolados é melhor eu nem
escrever gritando por aqui. Seria berrar demais aos olhos de vocês.
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